terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Piso nacional dos professores de educação básica sobe 13,01%

Brasil e Mundo

06/01/2015-19h10 - Atualizado em 07/01/2015-01h42
 
O piso nacional dos professores da educação básica terá reajuste de 13,01%, dos atuais R$ 1.697 para R$ 1.917,78. Isso significa que nenhum docente da rede pública do País, do ensino infantil ao médio, com jornada de 40 horas semanais, poderá ter remuneração abaixo desse valor.
O percentual do aumento foi divulgado ontem pelo Ministério da Educação e segue fórmula estabelecida em lei de 2008. No ano passado, o reajuste foi de 8,34%.
Segundo levantamento mais recente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), de maio do ano passado, 10 Estados ainda pagam abaixo do piso.
De acordo com a legislação, o aumento da remuneração dos professores tem como referência o crescimento, de um ano para outro, do custo do aluno dos anos iniciais do ensino fundamental no Fundeb, fundo nacional para financiar o ensino público.
Composto por uma parte da arrecadação de diferentes impostos, o Fundeb é impactado pelo comportamento da economia: quanto maior o crescimento do País, maior a arrecadação do fundo e, assim, maior o reajuste do professor.
Gestores alegam que esse modelo precisa ser alterado, sob risco de comprometer ainda mais o orçamento enxuto dos Estados e municípios. O argumento é de que a divulgação do reajuste em janeiro, como previsto em lei, acaba afetando a programação dos gastos anuais, já concluída anteriormente.
Nos últimos dois dias, o piso foi tema de reuniões do novo ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), com entidades que representam os Estados, municípios e trabalhadores da educação. A intenção agora é retomar as discussões sobre revisão do modelo de cálculo do piso.
| FOLHAPRESS

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cid Gomes defende reforma no currículo do ensino médio

Novo ministro da Educação recebeu o cargo do petista Henrique Paim.
Segundo ele, currículos têm de levar em conta ‘características regionais’.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
O novo ministro da Educação, Cid Gomes, defendeu nesta sexta-feira (2), ao receber o cargo do antecessor, Henrique Paim, uma reforma no currículo do ensino médio das escolas brasileiras que leve em conta as diferenças culturais dos estados.

“Temos como grande meta melhorar a qualidade do ensino fundamental. No ensino médio, além de ampliar o acesso, reformar o currículo, compreendendo as características regionais de cada estado”, afirmou.
A cerimônia de transmissão do cargo foi realizada no Ministério da Educação. O plenário ficou lotado e contou com a presença de ministros, parlamentares e reitores de universidades federais.
Em discurso, Cid Gomes afirmou que, após os esforços dos governos Lula e Dilma pela redução da desigualdade e combate a fome, é chegado o momento de trabalhar pela "inclusão pelo saber".

“Brasil pátria educadora. Este é o lema do segundo governo da nossa presidenta Dilma Rousseff. Como disse também nossa presidenta, a educação será a prioridade das prioridades. O Brasil nos últimos 12 anos teve grande êxito com políticas sociais e de segurança alimentar, permitindo que o Brasil saísse do mapa da fome. Agora o novo desafio é o da inclusão pelo saber. A educação é o caminho certeiro para o desenvolvimento humano”, disse.
Após a cerimônia, em entrevista aos jornalistas, Cid Gomes explicou que a reforma no ensino médio será discutida com educadores e diversos setores da sociedade antes de ser implementada num prazo de até dois anos.
“Acho que, começando agora, em dois anos podemos ter a sua implantação”, afirmou. Segundo Cid, as mudanças curriculares ainda serão definidas em “ampla discussão” com educadores e demais setores da sociedade.
Ele defendeu, porém, que os estudantes tenham  contato maior com matérias que possam embasar os cursos que pretendem seguir nas universidades.
Na França, por exemplo, os alunos decidem se querem se aprofundar em matérias de humanas ou exatas. “Eu pessoalmente defendo que seja oferecido aos estudantes de ensino médio um aprofundamento nas áreas que eles tenham interesse”, ressaltou.
'Desigualdades educacionais'
Ao discursar antes de transmitir o cargo para Cid Gomes, Henrique Paim afirmou considerar que os governos Lula e Dilma conseguiram reduzir as “desigualdades educacionais”. Ele citou a instituição de cotas nas universidades como política de inclusão social.

“Inauguramos um processo de valorização da universidade pública e conseguimos implantar a lei de cotas, que considero a política mais importante, permitindo que negros, indígenas e pessoas de escolas públicas conseguissem acessar as universidades federais”, afirmou.
Salário dos professores
Em entrevista coletiva concedida ao final da solenidade, o novo ministro da Educação afirmou que o reajuste do piso salarial dos professores em 2015 deverá ser definido na próxima semana. Ele não quis, porém, adiantar o valor.

“O piso é pago por estados e municípios e ele já tem balizamento definido por lei. Quero conversar com representantes de quem vai receber e com quem vai pagar antes de anunciar publicamente”, afirmou. 
Cid Gomes também negou ter dito que professores devem trabalhar por paixão e não por dinheiro. Essa suposta declaração do ex-governador do Ceará tem circulado pela internet e virou alvo de piadas e críticas. Aos jornalistas que cobriam a cerimônia de transmissão de cargo, Cid disse que professor precisa ter vocação, mas também boa remuneração.
“O que eu disse é que qualquer servidor público, seja ele vereador, governador, médico, deputado, professor antes de qualquer coisa precisa ter vocação. É um espaço que você tem por natureza a posição de sacrifício pessoal. Claro que você tem que ter boa remuneração. Eu nunca disse que não. Seria um contrassenso porque sou filho de professores. Até por experiência pessoal sei da importância de ter boa remuneração”, afirmou.
Perfil
Cid Gomes integra uma família com tradição na política do Ceará, estado que governou de 2007 até esta quinta-feira (1). Filho de prefeito, irmão de um ex-ministro de Estado e de um deputado estadual, Cid Gomes é natural de Sobral, município do sertão cearense, onde os Gomes dão nome a vias públicas e escolas.

No ano passado, ele se desfiliou do PSB após entrar em rota de colisão com o então presidente nacional do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos – morto em agosto deste ano em um acidente aéreo no litoral de São Paulo.
O futuro ministro decidiu deixar a sigla ao lado de aliados cearenses – incluindo o irmão mais velho, Ciro Gomes – no momento em que Campos rompeu com o governo Dilma Rousseff para se lançar na corrida pela Presidência.